quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Festa de Sant’Ana deverá ser patrimônio imaterial do Brasil


O Rio Grande do Norte deve ganhar em breve o seu primeiro registro de patrimônio imaterial. Trata-se da Festa de Santana de Caicó, que será avaliada pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Embora vários municípios no Estado tenham celebrações para suas padroeiras, inclusive para Santana, a Festa de Caicó foi escolhida por conta de seu forte apelo popular.

O processo já saiu da regional do Iphan do RN para Brasília e está na fila para ser registrada. “Não dá para fazer uma previsão de quando o Conselho irá deliberar, porque são apenas cinco reuniões por ano e há uma fila muito grande de pedidos”, afirma a diretora do Iphan/RN, Jeane Nesi. Mesmo assim, a regional do Instituto está confiante que não haverá surpresas e a Festa de Santana será confirmada. “Já passamos por todas as instâncias e com certeza a proposta será aprovada porque isso é fruto de um trabalho criterioso”, diz Jeane.

Inventário do Seridó

A ideia de registrar a Festa de Santana como patrimônio imaterial surgiu no inventário do patrimônio imaterial do Seridó, realizado pelo Iphan em parceria com a UFRN e finalizado no ano passado. O inventário catalogou todas as práticas culturais da região, como a culinária, os bordados, o trabalho em couro, as rezadeiras, as celebrações, etc. “O registro é utilizado quando se fala em patrimônio imaterial, ou seja quando se trata de uma prática. Apenas quando se trata de algo concreto, físico, é que podemos fazer o tombamento. Contudo, o registro e o tombamento são equivalentes, é como se fosse um ‘tombamento imaterial’”, explica Jeane Nesi.

No caso da Festa de Santana, o ponto de interesse é justamente a devoção à Santa, que levou o povo daquela região a estabelecer uma série de rituais, como a procissão, a feira etc. A culinária da festa também é bastante típica e foi levada em consideração no projeto. Além disso, cerca de 37 imagens sacras de Santana foram restauradas, dentro do inventário do patrimônio imaterial do Seridó. “A restauração e o inventário como um todo ficaram a cargo de professores da UFRN, dentro da parceria do projeto”, aponta.

A Festa de Santana de Caicó tem mais de 250 anos, de acordo com o Iphan. Não há dados sobre os motivos que levaram as primeiras comunidades do Seridó e de Caicó a eleger a santa como objeto de devoção. Em 1748, o bispo de Pernambuco orientou a criação da “Freguesia de Nossa Senhora de Sant´ana”, onde seria depois a cidade de Caicó, um dos pontos de apoio do “círculo do couro”. “Toda a cultura da região está ligada a essa atividade primária, que persiste até hoje em alguns pontos”, encerra Jeane Nesi.

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